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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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10 de março de 2011

Campanha da Fraternidade [1]

História e motivação (fonte: CNBB):
A Campanha da Fraternidade, idealizada pelos padres da Cáritas Brasileira em 1961, foi realizada no ano seguinte em Natal (Rio Grande do Norte). Este projeto foi lançado, em nível nacional em 1963, sob o impulso do Concílio Vaticano II e realizado pela primeira vez na quaresma de 1964. Os conhecedores do assunto dividem a CF em três etapas: Renovação da Igreja e do cristão (1964-1971), Realidade social do povo e promoção da justiça social (1972-1984) e Situações existenciais do povo brasileiro (desde 1985). A Campanha da Fraternidade é uma atividade ampla de evangelização desenvolvida num determinado tempo (quaresma), para ajudar os cristãos e as pessoas de boa vontade a viverem a fraternidade em compromissos concretos no processo de transformação da sociedade a partir de um problema específico que exige a participação de todos na sua solução. É grande instrumento para desenvolver o espírito quaresmal de conversão, renovação interior e ação comunitária como a verdadeira penitência que Deus quer de nós em preparação da Páscoa.
Meu comentário:
Considero a Campanha da Fraternidade uma iniciativa preciosa. Entre tantos frutos deste trabalho registro aqui a criação da Pastoral para Homossexuais pelo Padre Antônio Transferetti. Ele mesmo conta essa hostória: Em 1995, o tema da Campanha da Fraternidade foi A Fraternidade e os Excluídos. Como homossexuais, travestis e prostitutas são excluídos pela sociedade, resolvi trabalhar com eles. Estudei a homossexualidade para entender mais de perto os problemas que eles enfrentam. Fazíamos reuniões nas quais eles contavam seus problemas e dramas pessoais. Também fazíamos trabalho de orientação sexual e prevenção a doenças sexualmente transmissíveis. (Leia o texto da entrevista aqui). Tenho, entretanto, uma observação a respeito da associação da Campanha com a Quaresma. Para ser mais claro: imagine que você está numa estação de metrô e chega uma composição, curiosamente, com vários vagões quase vazios e apenas um totalmente cheio de passageiros. Qual seria a sua decisão mais lógica? Certamente a de entrar num vagão mais vazio. Tenho a impressão de que a CNBB, ao lançar a Campanha da Fraternidade exatamente no tempo da Quaresma, preferiu "enfiar" o povo no vagão cheio. Com efeito, o conteúdo próprio deste tempo litúrgico, tão rico e profundo, acaba sendo esvaziado. Para mim isso é um resquício inquestionável da funesta influência da TL (teologia da libertação). É uma pena! Há tantos períodos durante o ano que seriam ótimos para concentrar a nossa atenção nos desafios e propósitos da Campanha da Fraternidade. Como resultado, temos aqueles paupérrimos (em conteúdo) textos da Via Sacra e de outros exercícios quaresmais. Cria-se na nossa mente uma convicção errada sobre a finalidade da Quaresma. Encontrei no blog da Diversidade Católica (aqui) uma reflexão que segue um pouco essa ideia [o blog em sí é ótimo e sou um dos seus seguidores"]: (A Quaresma) é um período em que toda a Igreja busca silenciar-se para tirar desse silêncio os frutos de uma reflexão aguda sobre o que cada um de nós pode fazer para melhorar a sua realidade e a dos que estão à sua volta. Eu diria que não é só isso. Há algo mais para refletir. O Papa Bento XVI, no livro-entrevista "Luz do mundo", fala sobre isso: O nosso sermão, o nosso anúncio é predominantemente orientado para a organização do mundo melhor, enquanto que o mundo verdadeiramente melhor já quase não é mencionado. Aqui temos de fazer um exame de consciência. Naturalmente que se tenta ir ao encontro dos ouvintes, dizer-lhes o que está no horizonte. Mas a nossa missão é ao mesmo tempo abrir esse horizonte, ampliar e olhar para além disso. Estas coisas são conceitos difíceis para os homens de hoje. Parecem-lhes irreais. Querem, em vez disso, respostas concretas para o agora, para o sofrimento do dia-a-dia. Mas essas respostas ficam incompletas se não sentirem e reconhecerem intimamente que vão para além desta vida materialista, que existe um juízo, que existem a misericórdia e a eternidade. Nessa medida, temos também de encontrar novas palavras e novos meios para possibilitar ao homem a ruptura com a finitude. (p. 170)
Voltando ao assunto, espero celebrar um dia a Campanha da Fraternidade com o tema "Fraternidade e pessoas homossexuais". O lema pode ser tirado, por exemplo, da 1 Carta de São João: "O amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus" (1Jo 4, 7)

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