ESTE BLOG NÃO POSSUI CONTEÚDO PORNOGRÁFICO

Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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29 de dezembro de 2013

Sagrada Família


O domingo dentro da Oitava do Natal (e quando não há um domingo nesse período, é no dia 30 de dezembro), a Igreja celebra a festa da Sagrada Família. Os pregadores, em sua grande maioria, dedicam seus discursos à família contemporânea e destacam "as ameaças" sofridas por essa instituição que em si - sem dúvida - é um belíssimo projeto de Deus. Um dos equívocos mais frequentes é - digamos - a invertida direção do pensamento, ou seja: partindo do modelo (de família) considerado hoje "moralmente correto", tentam esticar a interpretação do mistério da criação, mencionando de passagem a Sagrada Família de Jesus Maria e José. É muito fácil deixar-se levar pelo tal discurso, porque os pregadores - além de tocarem no assunto que "mexe com qualquer um", misturam as afirmações certas com erradas e montam uma imagem que parece ser absolutamente perfeita. E de fato a visão é admirável... Mais ou menos como a de uma árvore de Natal. Ela nos comove e fascina, a ponto de esquecermos de que tanto a própria árvore, quanto o seu brilho, é tudo artificial. Estamos assim, igualmente, colocados diante de uma imagem artificial da família.

Vamos aos detalhes. O ponto de partida (do discurso) é uma família "perfeita" (dentro dos padrões ideológicos de hoje), isto é, formada pelo casal heterossexual, seus (não poucos) filhos e, talvez, os avós e alguns demais personagens. O casal, obrigatoriamente unido através do Sacramento do Matrimônio, permanece em maior fidelidade conjugal, aplica apenas os métodos naturais durante cada ato sexual e, quando chegar a hora, educa rigorosamente os filhos, inclusive sobre a "autêntica" sexualidade humana.

Esse ponto de partida para uma viagem bíblico-histórica ignora o fato de que ainda algumas décadas atrás, sob a bênção apostólica da Igreja, os pais escolhiam os maridos para suas filhas e os homens tratavam as suas mulheres como escravas (aliás, a própria escravidão, em seu sentido cruelmente literal, também possuía a mesma bênção). As pregações frisam a lei natural, da qual a única exceção é algum fato sobrenatural, bem como no caso de Maria Santíssima que ficou grávida antes de se casar com o seu castíssimo esposo, São José. O mesmo caso sobrenatural justifica a total ausência de procriação na Sagrada Família. Ainda assim, é exatamente essa Família de Nazaré (e de Belém) que está sendo apresentada como modelo de todas as famílias. Ou seja, as famílias que começam a sua existência no momento das núpcias e somente assim autorizadas por Deus para iniciarem a sua colaboração com Ele na geração de novas vidas, têm o seu modelo no (Santo) casal que teve a história particularmente diferente...

Talvez os próprios pregadores tenham percebido os pontos fracos dessa argumentação e por isso recorrem imediatamente ao fundamento de todas as coisas, isto e, à criação do ser humano, ou melhor, à formação do primeiro casal e à ordem de "povoarem a terra" através da procriação (literalmente, a "multiplicação"). Aí começa a "matança dos coelhos". E não são apenas dois com uma só cajadada. Na verdade, são muitos. O texto bíblico sobre Adão e Eva serve tanto para condenar o divórcio, quanto a monogamia e, principalmente "o homossexualismo" (sic!). Afinal, como diz a "sabedoria" popular, Deus criou Adão e Eva e não Adão e Ivo (sic! sic!)... Enfim, o discurso termina com a conclusão de que a ordem da criação, ferida pelo pecado, foi restaurada pelo fato do nascimento do Filho de Deus no seio de uma família...

Espero que, ao menos alguns pregadores, tenham o tempo de mencionar que Deus é amor e que - principalmente neste sentido - todos fomos criados à sua imagem e semelhança.

Quanto à criação, eu particularmente, vejo ali um princípio diferente que não tem nada a ver com a heterossexualidade. Basta ler o texto com atenção e sem "esticá-lo" ao tamanho do próprio preconceito. Vale lembrar de que não estamos diante de uma reportagem, mas recebemos de Deus, em forma alegórica (ou poética) a revelação sobre o mistério da nossa existência. Refiro-me, neste caso, ao texto do Livro do Gênesis, capítulo 2, versículos de 18 a 24, tendo como o "texto auxiliar" o Gn 1, 24-31, ou melhor, os dois primeiros capítulos inteiros. 

Em primeiro lugar, Deus revela que criou o ser humano à sua imagem e semelhança (Gn 1, 26-27). Em seguida (eu diria, em consequência disso), Ele mesmo afirma que "não é bom que o homem esteja só" e logo encontra a solução: "vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada" (Gn 2, 18). Os detalhes a seguir considero muito importantes para ter uma conclusão correta e não criar as ideologias baseadas em qualquer tipo de fobias...

Acho belíssima a cena em que Deus leva ao homem todos os animais e este lhes dá o nome. De um lado parece ser um tribunal no qual o homem é o juiz, mas ao mesmo tempo, sem perceber, o próprio homem está sendo avaliado por Deus. Desde o início o ser humano é convidado para ser um parceiro ou colaborador de Deus. Desde então, o homem tem a prerrogativa de dar o nome a todas as coisas. Isso é magnífico. Pelo menos no início (sabemos quanto mal pode fazer o ato de atribuir o nome, ou o rótulo, às coisas e às pessoas!).

O próximo passo do Criador é misterioso. Então o Senhor Deus mandou ao homem um profundo sono; e enquanto ele dormia, tomou-lhe uma costela e fechou com carne o seu lugar. E da costela que tinha tomado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher, e levou-a para junto do homem” (Gn 2, 21-22). A reação do homem, desta vez, é diferente: Eis agora aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne de minha carne; ela se chamará mulher, porque foi tomada do homem.” (Gn 2, 23), o que o autor bíblico conclui com a frase, citada inclusive por Jesus no Evangelho: "Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne." (Gn 2, 24). Tudo parece óbvio. É o homem e a mulher. O que vem além disso, não pode ser de Deus... Será?

O contexto de toda aquela situação sugere que o homem se reconhece como tal e percebe a diferença entre a sua natureza e a dos animais. Ele é superior, é a questão de níveis diferentes. É nítido aqui o princípio do personalismo e não da heterossexualidade. Se Deus decidisse tomar a costela do homem para formar um outro homem, a resposta de Adão seria a mesma: Eis agora aqui o osso de meus ossos e a carne de minha carne". Digo mais: essa resposta seria ainda mais rápida e com firmeza ainda maior. É como se Adão dissesse: "A minha solidão só pode ser preenchida por um outro ser humano, mas qualquer animal, por mais simpático que seja e me faça companhia, não é capaz de me complementar por inteiro". O sentido da criação de seres humanos com sexos diferentes está, evidentemente, em uma das principais tarefas confiadas a eles pelo Criador, isto e, de povoar a terra (cf. Gn 1, 28). Porém, essa não é a única maneira de dar o sentido a existência do ser humano. Se fosse a única, as pessoas não fariam mais nada, além de procriar. Aliás, não existiria, também, o celibato...

Terminando a minha reflexão neste dia da Sagrada Família, quero repetir mais uma vez: nós, os homossexuais, somos imensamente gratos às nossas famílias (e à instituição familiar como tal). Afinal, sem a família (por mais imperfeita que tenha sido) nenhum de nós existiria. Outra coisa importante: pelo fato de não procriarmos em nossos relacionamentos homossexuais, não pretendemos destruir a família, enquanto a célula fundamental da sociedade e da Igreja. Muito pelo contrário. Desejamos acrescentar a nossa própria experiência de amor e com ela enriquecer a convivência pacífica e fraterna de toda sociedade e da Igreja. Além disso, o glorioso exemplo da Sagrada Família de Jesus, Maria e José, ensina-nos e inspira para não desanimarmos diante das incompreensões, ameaças e perigos que o mundo atual, cheio de fobias e fundamentalismos, nos oferece...

22 de dezembro de 2013

Natal quer dizer nascimento


Parece uma burrice declarar (no título deste texto) algo tão óbvio, mas a minha impressão constante é que muitas coisas óbvias perderam, há décadas, o seu significado original e por isso acho válida a tentativa de resgatar um pouco daquilo que é essencial. Não sei se é a pressa de fazer as coisas ou a quantidade delas, mas o fato é que acabamos estacionando na superfície. É uma pena. Mas quem se importa com isso? Aqueles que se importam vivem na solidão e frequentemente caem em depressão. A superficialidade apavora-os e a própria impotência ainda reforça aquele pavor. Uma das prováveis saídas (ainda que ilusórias) é cavar na essência das coisas e tentar descrevê-las daquela perspectiva, se é que existem palavras suficientes para tal descrição. E, se existirem, serão compreendidas ou, novamente, irão cair no abismo da superficialidade e do mal-entendido? Seja o que for, ainda creio na importância da palavra - dita e, ainda mais, escrita. Talvez alguém leia e seja tocado. Algumas palavras salvam vidas ou, pelo menos, prorrogam o prazo de partida voluntária. Algumas palavras são como o combustível para levantar o voo. Até a próxima queda. Ou, até a próxima palavra salvadora. É a Palavra que se fez carne e habitou entre nós. É o Nascimento que gera novos nascimentos...

É neste sentido leio e transcrevo aqui as palavras de Murilo, publicadas originalmente no Portal Todavia e disponibilizadas, também, no Blog do Grupo Diversidade Católica. Vale a pena ler o texto inteiro. Destaco aqui a parte que mais chamou a minha atenção.

Murilo diz: "Eu digo que eu sou até mais cristão por ser gay - e mais gay por ser cristão. Se tem uma experiência na minha trajetória que associou tudo isso, foi o dia em que eu saí do meu próprio armário: me senti vivo como nunca antes, deixando pra trás um Murilo que era uma mentira, e me sentindo mais livre, sem amarras. Se não foi Deus quem me proporcionou esse bem, essa bênção e essa liberdade, eu não sei mais quem foi". 

Recorro, de novo, ao conceito do óbvio. Será que só para mim ficou nítida a analogia entre o Natal (nascimento, parto) e a saída do armário? Ainda que, como em Belém, logo tenha aparecido um monte de Herodes, querendo matar o menino? Quantos cristãos-Herodes irão considerar tal associação uma blasfêmia? Evidentemente, só aqueles com o espírito de humildade, como os pastores dos arredores da Cidade de Davi, serão admitidos à contemplação daquela Luz.

Que não falte, então, a coragem e a fé de Maria e de José, àqueles que querem reviver (ou viver pela primeira vez) o verdadeiro Nascimento do Salvador.

Feliz Natal a todos!

14 de dezembro de 2013

Adote um cachorro

Fonte: Deviantart

Retorno ao "Retorno (GAY)" (é o nome deste blog), após um período de férias. Mais uma vez fui à Europa, desliguei o celular e raramente abri qualquer página virtual. Uma pausa dessas, ainda que traga alguns problemas próprios, deve fazer a gente descansar, pensar e respirar em um ritmo diferente. O efeito colateral, ao menos no meu caso, é a demora em voltar à rotina. Ainda acordo antes da hora (deve ter sido o efeito do fuso horário diferente), ainda procuro palavras certas para falar e escrever e surpreendo-me com a camisa que me incomoda dentro de casa, recordando as 3-4 camadas de roupa usadas obrigatoriamente naquelas terras congeladas. Algumas ideias que, por lá, pareciam tão claras e fáceis em sua realização, aqui revelam-se, de novo, distantes e bem menos simples. Trata-se de umas mudanças bastante radicais, como a busca de um novo emprego (na verdade um novo estilo - ou status - de vida). Isso inclui a busca mais séria de mudança do meu estado civil (sério!). Falando nisso, sempre me reparo com as declarações daquele desejo fundamental (e bíblico) de não estar mais sozinho (pois não é bom: cf. Gn 2, 18), entretanto são pouquíssimas as pessoas que se decidem dar o próximo passo (inclusive eu). Será que já sonhamos tanto e acabamos criando um namorado imaginário tão perfeito que ninguém mais é capaz de corresponder àquele ideal? Eu sei que muita gente, simplesmente, não acredita no sucesso de um relacionamento estável, por outro lado, porém, não aceito a ideia de que os gays só procuram o sexo por aventura.
 
Foi neste contexto que, ao longo das minhas férias, inventei uma "cantada" esquisita. A lógica é seguinte: quantos anos, em média, vive um cachorro? Isso, é claro, depende da raça e de outros fatores, tais como a saúde, o modo de ser tratado, a alimentação e um monte de outras coisas. Afinal, assim acontece com qualquer ser vivo. Tendo em vista a minha idade atual (completei recentemente 48!) e - digamos - as estatísticas familiares, o tempo que me restou compara-se, de alguma maneira, à vida de um cão. Excluo aqui toda e qualquer conotação pejorativa e discriminatória que tal analogia possa evocar ("vida de cão", "quem nasce para cão, há de morrer latindo", "quem com cães se deita, com pulgas se levanta", "qão chupando manga", etc.). Refiro-me, antes, aos melhores exemplos de uma amizade que dura a vida toda e que pode ser chamada de relacionamento afetivo. Para ser ainda mais claro: não tem nada a ver com a zoofilia.
 
A estratégia seria essa: assistir com um candidato (ao namorado-marido-parceiro) um filme temático, por exemplo "Marley & eu", "Sempre ao seu lado", "Lassie", "K-9, um policial bom pra cachorro", "Iron Will", "Fluke: lembranças de outra vida", "Uma dupla quase perfeita", ou outro desse gênero e, no final, fazer o pedido: "[me] adote [como] um cachorro!". Eu sei que a ideia em si é um tanto bizarra, mas talvez a proposta de ficar junto "por resto da vida" possa assustar, enquanto não se tem a clareza quanto à duração daquele "resto". Faria sentido, então, dizer: fique comigo por até 15 anos, ou pelo menos 10?
 
...não sei, mas são essas coisas que trouxe das minhas férias...

13 de novembro de 2013

Postagem interativa

No estilo soft (ou light, quem quiser), afinal estou de férias, proponho hoje uma imagem sem comentários, mas para ser comentada, se algum dos meus Ilustres Leitores, assim quiser. É de um humorista polonês Andrzej Mleczko (vejam a sua página no face). Eu apenas alterei o idioma do texto.
 
 

11 de novembro de 2013

Uma pausa

(Foto: fonte)
 
Chegou a hora de descansar um pouco e já estou viajando (esta postagem foi programada para ser publicada nesta data, mas não estou, no momento, em casa). Os lugares que estou visitando são lindos e um tanto afastados da civilização. Não tenho o acesso diário à net, mas prometo, de vez em quando, dar um "olá" aqui, talvez com algumas novidades.
 
Bem... Os meus sonhos ainda não se realizaram. Algumas decisões existenciais foram adiadas um pouco, mas vejo nisso tudo a Providência de Deus. Foi sobre isso que conversei com os meus amigos ontem no bar. Todos estavam de acordo com a ideia de que as decisões desse porte (aquelas existenciais), não fossem o fruto de um impulso. A fé na Providência de Deus não justifica a imprudência. Tipo: "largar tudo", OK... e depois? Deus providenciará? Mas Ele já providenciou a minha inteligência, a experiência de algumas décadas de vida e o exemplo daqueles que quebraram a cara, só porque não se preocuparam com o futuro. Quando Jesus fala sobre isso no Evangelho, usa a expressão "preocupações desmedidas", o que sugere que outras, aquelas "medidas", sejam boas e importantes.
 
Enfim... Queria encontrar o "meu coreano" (que, perfeitamente, pode ser um brasileiro, desde que seja meu). Queria namorar, noivar, casar, viver junto, cuidar (dele), trabalhar, ser feliz (com ele). Aliás, foi essa a pergunta que uma das amigas me fez ontem: "E agora, com tudo o que você faz, você não está feliz?". Lembro-me (apesar de ter sido na hora da terceira caipirinha) que, como resposta, eu tinha feito um gesto com as mãos, como se quisesse pegar algo. Se não me engano, respondi: "Sim, estou feliz, mas estou procurando uma felicidade mais palpável"... Por mais que alguém possa interpretar isso assim, não se trata apenas de "apalpar a carne". É a questão de ter alguém - como diz aquela famosa frase - quem pudesse chamar de meu (e de ser assim chamado também). Sim! De poder tocar também!
 
OK. Espero ter ótimas férias e poder retornar com novas forças e novas ideias, daqui a um mês.
 
Um beijo para todos!

9 de novembro de 2013

Um tom diferente

Não sei se esse fenômeno é um dos efeitos diretos do estilo (e do discurso) do Papa Francisco, mas quem costuma acompanhar os pronunciamentos dos bispos católicos, aqui no Brasil, pode notar uma suave mudança de tom. É claro, ainda não desapareceram os gritos no estilo inquisitório, mas surgem, também, as mensagens conciliadoras e - digamos - expiatórias. A confissão de culpa histórica (e atual), feita em nome de uma instituição, ainda que pelo dirigente de um nível intermediário, anima e traz a esperança. Afinal, é na tradição católica que temos o "propósito de emenda", logo depois de um "arrependimento". Quem, por sua vez, acompanha os discursos do Santo Padre, vai encontrar facilmente o eco de suas palavras no texto a seguir. É um dos artigos, publicados no site da CNBB, escrito pelo Bispo de Jales (SP), Dom Demétrio Valentini. Antes de transcrever as suas palavras, quero lembrar aqui de que foi o Dom Demétrio que, em 2010, criticou o fundamentalismo de muitos religiosos, no contexto da briga pelo 3° Plano Nacional de Direitos Humanos. De acordo com a "Folha de São Paulo", parte dos religiosos (reunidos em maio de 2010 em Brasília, na 48ª Assembleia Geral da CNBB) não aceitava que o plano de direitos humanos tratasse de questões como a profissionalização de prostitutas, a adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo e a união civil gay. Diante disso, Dom Demétrio disse: "Tenho esperança de que prevaleça o bom senso. Tenho a esperança de que não vamos fazer um documento marcado pelo fundamentalismo".
 
 
 
No artigo "O horizonte da missão", publicado (no dia 17 de outubro deste ano) na página oficial da CNBB, Dom Demétrio escreve, entre outras coisas, o seguinte:
 
Na história houve, certamente, alguns equívocos sérios em torno da Evangelização. Dá para fazer uma importante constatação: quando a Igreja fez da evangelização uma “conquista”, impondo sobre os povos um domínio cultural e político, ela confiou no seu poderio humano, e não na força libertadora do Evangelho. Assim fazendo, ela não anunciou o Evangelho livremente, como São Paulo. Mas cobrou uma pesada conta, nem tanto em benefícios que ela recebeu, mas no prejuízo que ela provocou nos povos, a quem ela anunciou um “evangelho” deformado pela submissão exigida dos povos “conquistados”.
 
Quando a Igreja não se deixa converter pelo Evangelho que ela prega, ela acaba se pervertendo a si mesma, e aos povos por ela “submetidos” a um evangelho deturpado.
 
É diante da missão que a Igreja experimenta a absoluta necessidade de continuar se convertendo. Assim, a missão, voltada para fora da Igreja, acaba se voltando para a própria Igreja, que se torna, também ela, destinatária do Evangelho de Cristo.
 
De tal modo que, na Igreja, o chamado vem sempre ligado ao envio, a comunhão é sempre vinculada à missão. Assim a Igreja é sempre estimulada a levar aos outros o que ela mesma vive. O Evangelho anunciado precisa ser um Evangelho vivido.

7 de novembro de 2013

Landro Carioca


Finalmente fui conhecer o "Landro Carioca". Eu que não sou muito dado a baladas, gostei do lugar. Até idealizei um pedido de namoro/noivado/casamento (caso encontre um candidato), quem sabe, também por lá. Desta vez foi a primeira visita, um tipo de "espionagem", só para conhecer o ambiente. Em breve pretendo voltar lá. Ainda não sei qual é a situação do Landro Carioca nos fins de semana (fui na quarta - estava praticamente vazio). Os anúncios, publicados pelo próprio bar, advertem: Fiquem ligados! A programação dos fins de semana de Novembro, no Landro Carioca, está fuderosa! A casa vai ficar pequena para tanta gente. Confirme sua participação e chegue cedo pois a casa tem um limite de lotação!
 
Fiquei na dúvida em questão do nome deste bar. Quando falei sobre o local com alguns amigos, todos me perguntavam se não era o "Leandro". É Landro mesmo. O engraçado é que no "dicionário informal", "landro" consta como uma protuberância indicativa de inflamação que surge nas laterais do pescoço (certamente, não tem nada a ver com o bar... ou tem?). A intuição me levou ao outro vocábulo, um tanto parecido e que, talvez, faça mais sentido. O mesmo dicionário fala de landraia que é o termo usado em Portugal para uma mulher de má índole, antipática - evidentemente, tudo no sentido irônico, quanto à inspiração para o nome do bar. Bem... um dia vou descobrir...
 
"Landro Carioca" é, como podemos ler em sua página no facebook: "mais que um bar, é uma experiência". O seu blog, de maneira bem-humorada, afirma: Somos uma bar hetero friendly, isso quer dizer que recebemos todas as pessoas e temos um carinho todo especial com o público LGBT. Como um bar posicionado no mercado GLS, esperamos oferecer aos nossos clientes o melhores serviços com qualidade e total atenção ao atendimento. Por sermos um bar GLS na Lapa oferecemos mais que um bar, mas uma experiência carioca. O portal Gay1 faz a seguinte apresentação: Especializado em drinks de cachaça, Vodka e Pisco, o Landro Carioca tem sido um novo point para uma galera descolada, gays, grupos de amigos, tudo isso bem no coração da Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro.
 
Não é apenas um local de descontração, mas também um importante centro de luta pelos direitos LGBT. Em sua página no facebook encontramos essas declarações:
 
Somos a favor da criminalização da homofobia em todas as suas manifestações (agressões, assassinatos, injúria e qualquer outra ação discriminatória).
 
Denuncie casos de homofobia!!! Não aceite, não tolere nem se cale diante de qualquer situação de discriminação por conta de orientação sexual.
 
Landro Carioca apoia a campanha pelo Casamento Igualitário.
 
Então... Foi uma noite excelente. Valeu muito a pena estar com um grupo (barulhento) de amigos. Entre os gays e hétero, solteiros, casados e recasados, numa verdadeira diversidade. Também com a imensa variedade de bebidas. Pois é, a minha mãe sempre me dizia que não faz bem misturar os drinks...
 
Ah, sim! "Lando Carioca" fica na Avenida Mem de Sá, n° 120, (Lapa) - segundo andar, subindo as escadas coloridas... Funciona de terça a domingo. Durante a semana abre por volta das 20 h. (ou, talvez, um pouco antes, caso não chova).
 
Clique na foto para visualizar melhor (fonte: facebook)
 

5 de novembro de 2013

Preparando o Sínodo

 
Nestes dias correu na mídia a notícia sobre um questionário, enviado pela Santa Sé a todas as dioceses do mundo e relacionado ao Sínodo dos Bispos, previsto para o mês de outubro de 2014 que será dedicado aos "Desafios pastorais da família no contexto da evangelização". Os nossos amigos portugueses do Grupo "Rumos Novos" (organização que trabalha no acompanhamento, oração e partilha com homossexuais católicos portugueses) emitiram a nota à imprensa, expressando o júbilo com o qual receberam tal notícia: Como católicos não podemos deixar de reconhecer a atuação do Espírito Santo no seio da sua Igreja, pois é a primeira vez que o Vaticano pediu tal tipo de opiniões aos católicos de base, pelo menos desde o pós-Vaticano II.
 
Quem acompanha a dinâmica pastoral da Igreja católica aqui no Brasil e - suponho - em outros países da América Latina, sabe que esta metodologia, pelo menos de vez em quando, está sendo aplicada no nível diocesano. Aqui, no Rio, podemos ver isso, por exemplo, na elaboração dos sucessivos "Planos de Pastoral de Conjunto". Há sempre um questionário prévio e, mais tarde, as "assembleias gerais" que recolhem - ao menos em teoria - as conclusões das reuniões no nível paroquial. O que chama atenção é a participação direta dos leigos, principalmente no nível paroquial. As assembleias contam com a presença de 2-3 delegados leigos por paróquia e - evidentemente - com a maciça participação do clero que, no final, elabora o texto conclusivo. Tive a oportunidade de participar de alguns trabalhos em preparação do penúltimo (10°) Plano de Pastoral de Conjunto da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro e pude constatar que, na prática, nem sempre as ideias e as intervenções diretas dos leigos estavam sendo contempladas. Foi também nessas horas, diga-se de passagem, que senti mais profundamente a falta de uma estruturada Pastoral de Homossexuais. Outra coisa que pode ser observada sempre nessas ocasiões, tanto no nível paroquial, quanto no arquidiocesano, é - digamos - onipresença do típico comodismo, além de todas as dificuldades em compreender as questões propostas. No nível paroquial, antes de serem promovidas as assembleias para reunir a representação de toda comunidade, os questionários são encaminhados aos grupos, movimentos e pastorais que atuam na paróquia. Os fenômenos citados acima (o comodismo, a falta de compreensão) fazem-se presentes já naquele nível básico. Não raramente, o maior problema é o prazo que costuma ficar "em cima da hora", devido à demora em entregar o questionário (porque o padre guardou o papel e se esqueceu dele, ou não deu a menor importância), depois, em reunir as pessoas e, finalmente, em ter a vontade, a coragem, a paciência e a inteligência, para responder a todas as perguntas. Ainda que, em alguns casos, tudo corra bem e tenha sido levado a sério, aquela imensidão de papeis chega à Comissão Arquidiocesana que procura redigir as conclusões que correspondam à maioria das respostas. É claro que, nessas horas, perdem-se algumas ideias. Aí sim, acontece a Assembleia Arquidiocesana, na qual são apresentadas e votadas aquelas conclusões da Comissão. Há possibilidade de entrar com as intervenções que, caso aceitas pela mesa diretora, também estão sendo submetidas à votação. Encerrada a Assembleia, a mesma Comissão elabora o texto final. Lembro-me daqueles trabalhos do 10° Plano de Pastoral de Conjunto que o livrinho ("documento final") tinha-me surpreendido com algumas imprecisões.
 
Escrevi tudo isso para expressar certa preocupação com a aplicação desta metodologia nos trabalhos do Sínodo dos Bispos. Afinal, trata-se agora de uma dimensão incomparável, mundial. Além disso, por mais que se negue a sua existência, a "inquisição", ou pelo menos, a censura, não deixou de funcionar, em todos os níveis da realidade eclesial. A questão torna-se ainda mais delicada por causa de um assunto específico que foi inserido no texto da Santa Sé de maneira bastante corajosa e inédita.
 
Não consegui localizar o questionário na íntegra em nenhum dos sites oficiais da Igreja do Brasil, transcrevo aqui os temas principais do documento e as quatro perguntas referentes às pessoas homossexuais e às uniões entre as pessoas do mesmo sexo, baseando-me em uma fonte de Portugal (aqui).
 
Resta-nos confiar na graça do Espírito Santo e contar com a honestidade de todos os envolvidos neste Sínodo dos Bispos, em todos os níveis, desde agora até a sua conclusão e aplicação na vida prática da Igreja.
 
II Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos
DESAFIOS PASTORAIS DA FAMÍLIA NO CONTEXTO DA EVANGELIZAÇÃO
DOCUMENTO PREPARATÓRIO
Vaticano 2013
I – O SÍNODO: FAMÍLIA E EVANGELIZAÇÃO
II – A IGREJA E O EVANGELHO SOBRE A FAMÍLIA
O projeto de Deus Criador e Redentor
O ensinamento da Igreja sobre a família
III – QUESTIONÁRIO
1. Sobre a difusão da Sagrada Escritura e do Magistério da Igreja a propósito da família
2. Sobre o matrimônio segundo a lei natural
3. A pastoral da família no contexto da evangelização
4. Sobre a pastoral para enfrentar algumas situações matrimoniais difíceis
5. Sobre as uniões de pessoas do mesmo sexo
a) Existe no vosso país uma lei civil de reconhecimento das uniões de pessoas do mesmo sexo, equiparadas de alguma forma ao matrimônio?
b) Qual é a atitude das Igrejas particulares e locais, quer diante do Estado civil promotor de uniões civis entre pessoas do mesmo sexo, quer perante as pessoas envolvidas neste tipo de união?
c) Que atenção pastoral é possível prestar às pessoas que escolheram viver em conformidade com este tipo de união?
d) No caso de uniões de pessoas do mesmo sexo que adotaram crianças, como é necessário comportar-se pastoralmente, em vista da transmissão da fé?
6. Sobre a educação dos filhos no contexto das situações de matrimônios irregulares
7. Sobre a abertura dos esposos à vida
8. Sobre a relação entre a família e a pessoa
9. Outros desafios e propostas (vale a pena citar a última pergunta)
Existem outros desafios e propostas a respeito dos temas abordados neste questionário, sentidos como urgentes ou úteis por parte dos destinatários?

3 de novembro de 2013

Entre a cruz e o arco-íris

 
O título do livro de Marília Camargo César faz alusão à expressão "entre a cruz e a espada" e situa-se, de fato, no espaço intermediário que divide as duas realidades, neste caso, a religião cristã e o mundo LGBT. Talvez mais uma frase idiomática ajude a definir o livro: "em cima do muro". A primeira impressão que me ocorreu durante e depois da leitura é que a autora está em cima do muro o que não precisa ser entendido como uma crítica. Ela simplesmente não "puxa sardinha para o seu lado" (para usar mais uma expressão popular), porque não existe o lado dela, nesta questão. Existe sim, mas não pertence ao duelo "Igreja (s) & LGBT". O lado dela é o ser humano, sem outros adjetivos, títulos e sobrenomes. Marília repete várias vezes, nas páginas deste livro, a sua humilde confissão: "eu não sabia... eu precisava estudar, ouvir, ler, estar junto..". Provavelmente essa tenha sido a maior lição da obra que, por sua vez, deixa no ar um sabor de algo incompleto. Também neste caso não é uma crítica, porque o mergulho no mistério do ser humano, em sua religiosidade e sua sexualidade, nunca poderá ser completo, pois trata-se de profundezas impenetráveis por inteiro. Podem e devem ser tocadas essas profundezas e ainda trazidas a um encontro, por mais que tal encontro pareça impossível, ou inútil. Este livro é uma espécie de abre-alas. É, também, mais um livro na minha estante, ao lado de outros autores, como Edith Modesto, James Alison, José Lisboa, José Trasferetti, Klecius Borges, James L. Empereur, Kimeron N. Hardin, Didier Eribon, Nelson Luiz de Carvalho, Betty Fairchild e Nancy Hayward, Márcio El-Jaick, Jean Luc Schwab, Felipe Alface, Daniel A. Helminiak, Amílcar Torrão Filho, M. A. Prado e F. Machado e alguns outros. Faz parte, como todos os outros, da tentativa de estabelecer um diálogo, um conhecimento mútuo, afim de preparar o terreno para futura convivência mais respeitosa e acolhedora.
 
Para quem está acostumado com o pensamento católico, o livro "Entre a cruz e o arco-íris" ajudará compreender um pouco mais a doutrina protestante, pois este é um dos pontos de partida da autora. Pode servir também de inspiração para um trabalho paralelo que inclua os teólogos católicos.
 
Concordo com a opinião de David Santos, autor do blog "Culto diferente" que diz:
 
Minha critica em relação a ele, deve-se ao fato de que, como sempre, os debates resumem-se apenas à cama, não se leva em conta que heterossexuais se unem em matrimonio por muito mais motivos que apenas o sexo, homossexuais também!!  Faltou relatos de casais homoafetivos, cuja união seja consistente como as idealizadas pela igreja, e que conseguem equilibrar sexualidade e religião. Assim como a autora, devia possuir seus preconceitos pelo desconhecimento, a sociedade precisa também saber que há homossexuais que, como muitos heterossexuais, não são promíscuos e querem viver uma vida moralmente sadia em seus relacionamentos. A falta de conhecimento, ainda é a maior fonte de preconceitos!!
 
Por sua vez, Sérgio Viula, um dos entrevistados no livro (e um sábio que tive a honra de conhecer pessoalmente neste ano), em seu blog "Fora do armário", afirma:
 
O livro tem a seu favor duas coisas, pelo menos:
 
1. A tentativa de dar voz as dois lados (ou mais): gente religiosa (a maioria) ou não (como o meu caso); sejam contra ou a favor; gente que é LGBT, e nega-se; gente que é LGBT, e afirma-se com reservas; gente que é LGBT, e afirma-se sem medo de ser feliz; e gente que jamais soube o que é ser LGBT, mas mesmo assim não para de fiscalizar a sexualidade alheia;
 
2. O livro identifica ideias, acontecimentos, comportamentos, mudanças em relação ao tema ao longo da história, tocando em religião (e ausência dela), psicologia, política, estatísticas, testemunhos pessoais de conversão, “des-conversão”, ex-gays, ex-ex-gays, suicídios e crimes motivados por homo-transfobia e seus efeitos, entre outras coisas. Tem muita informação bem sistematizada, tanto do passado como do presente.
 
Bem, vale a pena ler – não como manual de fé e prática. Chega disso!!!! Mas como fonte de conhecimento sobre diversas facetas da mesma questão: a recriminação dos que se arvoram representantes de Deus, da família, dos bons costumes, e os avanços dos direitos humanos na forma dos direitos civis dessas minorias, por tanto tempo discriminadas, renegadas, mal-compreendidas. Apesar do livro cutucar o Movimento LGBT em diversos momentos, não deixa barato para os fundamentalistas.

2 de novembro de 2013

A "objetividade católica"

 
Dicionário: Objetividade é a qualidade daquilo que é objetivo, externo à consciência, resultado de observação imparcial, independente das preferências individuais. No campo da ciência, objetividade é a propriedade de teorias científicas de estabelecer afirmações inequívocas que podem ser testadas independentemente dos cientistas que as propuseram. No campo do jornalismo objetividade é um atributo de um texto final. Para que um texto seja considerado objetivo, ele deve ser claro e conciso, além de apresentar um ponto de vista neutro.
 
Retorno à reflexão sobre o diálogo entre as pessoas LGBT e os católicos (ainda que nem todos do primeiro grupo tenham a vontade de participar de um diálogo semelhante e, também, ao falar de católicos, não me refiro necessariamente à Igreja enquanto instituição). De um lado temos a incrível abertura, bondade e desejo de promover a "cultura do encontro", por parte do Papa Francisco. Simultaneamente (e, muito provavelmente, em reação à postura do Papa) aparecem declarações cada vez mais diretas, antipáticas e, mesmo, hostis, relacionadas aos homossexuais e pronunciadas por aqueles que se declaram católicos fiéis, tradicionalistas, ortodoxos (ainda que o último termo nada tenha a ver com a Igreja Ortodoxa, mas trata-se do significado literal da palavra "ortodoxia", isto é, a fidelidade). Recentemente citei aqui alguns exemplos dessas declarações (1, 2, 3, 4, etc.),  inclusive com os comentários de leitores (igualmente "ortodoxos") que mostram nitidamente o efeito que elas produzem. Por enquanto é apenas um efeito verbal, mas - como nos mostra a história - o caminho entre as palavras inflamadas e atitudes agressivas é muito curto.
 
Não sou perito no direito penal, mas tenho a impressão de que alguns casos de "propaganda católica" estejam beirando o limite do crime de incitação à violência, como é o caso de equiparar a homossexualidade à pedofilia. Os profissionais afirmam que o direito positivo brasileiro cataloga como crime a incitação pública à pratica de qualquer fato delituoso, como também o é a apologia do crime, que se consubstancia na incitação ao crime. Induzir é persuadir, aconselhar, argumentar, pressupõe a iniciativa à prática e pode fazer-se por qualquer meio. Incitar é instigar, provocar, excitar a pratica do crime, por qualquer meio ou de qualquer forma, sem necessidade de sê-lo pelos meios de comunicação social ou de publicação. O crime é formal, independe do resultado ou da consequência da incitação e equipara-se à própria prática. Napoleão e Hitler, como tantos outros seres ignóbeis e cruéis, que emporcalharam a Terra, pretenderam ou ainda pretendem mudar a face do mundo, matando e violentando o homem.
 
O mais curioso - e ao mesmo tempo triste - é o fato de que os mesmos católicos que não economizam a criatividade no uso de adjetivos que expressam o seu desprezo aos homossexuais, tornam-se, repentinamente, "cordeiros levados ao matadouro", quando chega até eles qualquer crítica relacionada à Igreja. Para entender melhor essa ideia, proponho em seguida um exercício escolar. O texto original é composto de frases mais emblemáticas, tiradas do site do Padre Paulo Ricardo e de uma propaganda que recebem os assinantes daquele site.
 
Primeiro, vou transcrever a frase original:
 
Como dizia o servo de Deus Fulton Sheen, “não existem 100 pessoas que odeiam a Igreja Católica, mas existem milhões que odeiam aquilo que eles pensam ser a Igreja Católica.”
 
...em seguida, substituo o termo "Igreja Católica" por "homossexuais":
 
“não existem 100 pessoas que odeiam os homossexuais, mas existem milhões que odeiam aquilo que eles pensam ser os homossexuais.”
 
A Igreja, diga-se de passagem, contribui bastante para criar uma específica imagem dos homossexuais. Agora vai a outra afirmação (na qual, desta vez, não precisa trocar nenhuma palavra):
 
Em um mundo onde as aparências importam mais que a realidade, não são poucos os indivíduos à procura de um saber superficial, alcançado apenas para demonstrar posição social ou superioridade em relação às outras pessoas.
 
As frases seguintes são:
 
Importa apenas arrumar oportunidade para destilar um ódio quase que irracional à Igreja. Qualquer pedaço de pau serve para bater nela.
 
...e, em versão talvez ainda mais realista:
 
Importa apenas arrumar oportunidade para destilar um ódio quase que irracional aos homossexuais. Qualquer pedaço de pau serve para bater neles.
 
O texto original faz, também, referência aos estudos acadêmicos (anticlericais) e constata que, certamente, o propósito de quem estuda não seja a procura da verdade, mas a difamação e a propaganda suja. Será que não são os mesmos termos que podemos aplicar ao ponto de vista (e de ação) da maioria dos católicos (e da própria instituição), em relação aos homossexuais?
 
A observação mais curiosa está aqui: No culto secular à diversidade, nenhum preconceito é tolerado, a menos que o preconceito seja dirigido à religião – e, de modo particular, à religião cristã. Neste caso, não só é permitido ser intolerante, como a própria "classe intelectual” faz questão de estimular na juventude esta espécie de intolerância.
 
Falar de um "culto secular à diversidade"... já sabemos do que se trata. Não é, porém, a própria Igreja que faz questão de estimular a intolerância, em sua espécie particular, isto é, voltada contra os homossexuais e a sua luta pelos mais legítimos direitos?
 
Enfim, mais uma vez chego à conclusão de que o diálogo entre os católicos e as pessoas homossexuais é algo difícil-dificílimo (como diria a Valdirene da novela "Amor à vida")...

1 de novembro de 2013

Guerra santa ou suja


Faço aqui uma analogia, tendo em vista as manifestações que vem acontecendo nas maiores cidades do Brasil, desde os meados deste ano. É difícil não concordar com a opinião da maior parte da mídia (sem esquecer de seu jeito tendencioso em apresentar os fatos) de que as ações dos grupos de vândalos, acabam desmoralizando a luta democrática e legítima de quem quer que seja. Independentemente das intenções da mídia e de toda a sua típica distorção da verdade, neste caso concordo com essa opinião. A conclusão está clara e serve para outros contextos: como desmoralizar uma luta justa e legítima? Criar um foco diferente e atrair a ele todas as atenções, usando simultaneamente o artifício chamado "generalização". Assim, as manifestações tornam-se ruins, porque destroem o patrimônio público e privado, atrapalham a vida dos cidadãos inocentes e honestos, portanto precisam ser repudiadas pela sociedade em geral.
 
Vejamos agora o outro exemplo deste mesmo fenômeno que consiste em desmoralizar uma luta legítima. O portal católico "Veritatis splendor", através de seu perfil no facebook, afirma:
 
Quando a propaganda Gay começou por volta de uns 10 anos, já falávamos que o próximo passo seria a defesa da Pedofilia. Disseram que estávamos malucos... Pois aí está. E isso não é porque somos profetas. Apenas sabemos o que as organizações que promovem isso querem: a descristianização do mundo. Tudo que o Evangelho defendeu, por eles será combatido. Tudo o que o Evangelho condenou, por eles será exigido de nós. Simples, assim!
 
Em seguida, o mesmo perfil, remete o leitor a uma matéria, publicada no site ACI Digital (serviço de notícias em Português do grupo ACI, encabeçado pela Agência Católica de Informações, reconhecida juridicamente como uma associação educativa sem fins lucrativos vinculada à Igreja Católica): intitulada Insólito: Psiquiatras dos EUA aceitam a pedofilia como "orientação sexual". De acordo com o texto, a Associação Americana de Psiquiatria dos Estados Unidos (APA) aceitou dentro da quinta edição do seu Manual de Diagnóstico e Estatística das Desordens Mentais a "orientação sexual pedofílica", e a diferenciou da "desordem pedofílica".
 
Seja qual for a origem e a veracidade dessa notícia, fica muito mais fácil apoiar e divulgar a ideia, lançada em 2010, que diz (no citado site "Veritas splendor"): Pedofilia e homossexualismo: de mãos dadas. O autor do texto, Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz, escreve:
 
Homossexualismo e pedofilia estão de tal modo entrelaçados que é difícil, até no plano dos conceitos, separar um do outro. (...) A relação homossexualismo-pedofilia é também confirmada pelo psiquiatra americano Richard Fitzgibbons, especialista no tratamento de sacerdotes que cometeram abusos contra menores. Diz ele: “todos os sacerdotes que tratei que estão envolvidos sexualmente com crianças estiveram envolvidos previamente em relações homossexuais adultas”. Para o psicólogo José María Amenós Vidal da Universidade Central de Barcelona (Espanha), há evidência científica que corrobora o vínculo entre homossexualismo e pedofilia, a partir de pesquisas feitas com primatas em cativeiro. (...) O combate ao homossexualismo e a pregação da cultura da castidade são dois motivos pelos quais a Igreja, e em particular o atual Papa (o texto é de 2010, trata-se, portanto, do Papa Bento XVI), deveria ser condecorada como benfeitora da humanidade e protetora dos pequeninos. Ao contrário, o combate à castidade e a promoção do homossexualismo – bandeiras defendidas pelo governo Lula mais do que qualquer outro – constituem um grande serviço à difusão da pedofilia.
 
Repito: seja qual for a autoria e a veracidade dessas notícias, estamos diante de um golpe baixo e desonesto. Os homossexuais, os ativistas dos movimentos LGBT, em sua maioria esmagadora, estão totalmente contra a pedofilia. Os pedófilos, infelizmente, encontram-se em todos os ambientes sociais, desde o clero católico e pastores evangélicos, no meio dos professores e todo tipo de profissionais, bem como, em sua maioria, dentro da própria casa. Estão também no universo LGBT. Do mesmo jeito, porém, como a Igreja Católica levanta a voz de autodefesa e contesta a associação direta entre o clero e a pedofilia, eu quero questionar as ideias simplistas, injustas e difamatórias que associam a homossexualidade à pedofilia. A pedofilia é crime e gravíssimo pecado. Entretanto, assim como apenas alguns padres são pedófilos, também alguns homossexuais o são. Igualmente, alguns homossexuais são ateus - não raramente por terem sofrido uma longa e pesada discriminação por parte dessa ou daquela Igreja cristã. Os homossexuais, porém, não têm por seu princípio, a "descristianização do mundo", como afirma o texto acima. Pelo contrário, muitos ainda estão procurando os caminhos de diálogo e de aproximação entre a própria identidade homossexual e a fé cristã.
 
Quem, porém, lê as conclusões "católicas", citadas acima, terá muito mais facilidade em apedrejar os "perversos veados, pederastas e pedófilos", em nome de Jesus e em nome de uma "purificação da sociedade”.

31 de outubro de 2013

Halloween e os católicos

 
Todos os anos, nesta época do ano, muitos católicos levantam o grito de guerra contra os costumes da festa chamada Halloween."É coisa do Diabo!" - dizem. Um site que se apresenta como "100% católico" (Pai de Amor) adverte: Halloween - A Festa que destrói nossos princípios e a nossa fé. (...) Está comprovado que na noite de 31 de Outubro na Irlanda, EUA, México, Brasil e em muitos outros países, se realizam missas negras, despachos e reuniões secretas relacionadas com o mal, aproveitando que uma infinidade de espíritos malignos são invocados livremente em todo o mundo. Atualmente jovens, adolescentes e crianças (o que é mais triste), celebram o Halloween vestidos de diabos, bruxos, mortos, monstros, vampiros, e outros personagens relacionados principalmente com o mal. (...) O texto acima, diga-se de passagem, foi copiado (sem devidos créditos) de um outro site (ACI Digital) que apresenta o estudo mais elaborado (do mesmo cunho fundamentalista).
 
Enquanto isso, as fontes (digamos, neutras), serenamente informam que a origem pagã (de Halloween) tem a ver com a celebração celta chamada Samhain, que tinha como objetivo dar culto aos mortos. (...) A "festa dos mortos" era uma das suas datas mais importantes, pois celebrava o que para os cristãos seriam "o céu e a terra" (conceitos que só chegaram com o cristianismo). Para os celtas, o lugar dos mortos era um lugar de felicidade perfeita, onde não haveria fome nem dor. As festas eram presididas pelos sacerdotes druidas, que atuavam como "médiuns" entre as pessoas e os seus antepassados. Dizia-se também que os espíritos dos mortos voltavam nessa data para visitar seus antigos lares e guiar os seus familiares rumo ao outro mundo.
 
Não sei se é apenas uma impressão minha, mas parece que (muitos alguns) católicos adoram demonizar tudo. Por que não tentar detectar a intuição da verdade, presente em culturas e até crenças diferentes? É tão bela a definição, citada acima: Para os celtas o lugar dos mortos era um lugar de felicidade perfeita, onde não haveria fome nem dor. É tão distante da "politicamente correta" definição da (católica) vida eterna? Ou, então, os sacerdotes católicos, não são uma espécie de "médiuns" entre as pessoas e os seus antepassados? Só porque o termo "médium" pertence a um outro conto de fadas? Será, mais uma vez, o medo "católico", diante de tudo que é diferente? O culto, ou melhor, a reverência para com os antepassados é algo profundamente humano. Por sua vez, o estilo de brincadeira (que não tem nada a ver com a zombaria), não pode ser visto como a festa da vida? Qual é a lógica em definir os mortos como os "personagens relacionados principalmente com o mal" (assim fazem os citados acima sites "100% católicos"), se a própria Igreja presta um culto especial aos santos que, afinal de contas, precisavam morrer, antes de serem venerados?
 
Ora, os católicos já deixaram de considerar "coisa do Diabo", por exemplo, as mulheres que usam calças, os judeus, os índios, a televisão, o rock (bem, alguns ainda consideram) e tantas outras coisas. Queira Deus que, um dia, deixem de considerar dita "coisa do Diabo", os homossexuais (e todos os outros não heterossexuais... aliás, o sexo e o corpo humano em geral), o Halloween, "Harry Potter" e um monte de outras coisas. Dessa maneira, teriam mais tempo para se ocupar com as coisas realmente importantes... Quem sabe, o Papa Francisco possa dar um jeitinho nisso?

30 de outubro de 2013

5 minutos para o casal

 
Ainda não temos o material suficiente que pudesse nos ajudar a cultivar os nossos relacionamentos homoafetivos. A grande parte da literatura LGBT concentra-se na luta pelos direitos e uma outra parte é dedicada à erótica. Por isso precisamos recorrer à sessão de autoajuda com as obras dedicadas aos casais heterossexuais. Basta, porém, aplicar uma simples correção, substituindo, onde for necessário, o termo "mulher" por "homem" e vice-versa. Afinal, trata-se de relacionamento amoroso entre dois seres humanos. Alguns livros facilitam bastante a (nossa) leitura, empregando com frequência, a palavra "parceiro", sem insistir tanto em "marido & mulher". É o exemplo do livro, escrito por duas mulheres (casadas com homens), Bonnie Jacobson, psicóloga e psicoterapeuta e Alexia Paul, escritora e editora: "Cuide do seu casamento 5 minutos por dia. Práticas diárias para transformar seu relacionamento" (Editora Gente; São Paulo, 2013). Incluí este livro no presente ao casal gay, na ocasião da festa deles, na qual assinaram o Pacto de União Estável, no meio deste mês.
 
A Editora Gente, no seu site, apresenta o livro assim: Ano após ano, vemos o crescimento das estatísticas de separação, e com a rapidez das mudanças da vida moderna, o casamento parece um código indecifrável, um mistério. Parece que nunca sabemos se seremos os próximos a perder o amor até que seja tarde demais. Proteger o casamento é um ato diário – e, com este livro, vemos que ele está nas coisas simples. Com cinco minutos por dia, transforme seu relacionamento em uma união forte, amorosa e indestrutível. Sem precisar de planos complexos, descubra quais são as práticas dos casais felizes e inseparáveis e incorpore-as à sua rotina de maneira simples e prazerosa a partir da experiência da doutora Bonnie Jacobson na construção de relacionamentos felizes. É impossível ser feliz sozinho, e, com cinco minutos por dia, você nunca mais terá de se preocupar se o seu amor vai bem!
 
O mesmo site dá, também, o acesso ao primeiro capítulo do livro, em formato pdf (aqui). Transcrevo uma pequena parte:
 
Encha seu casamento de afeto
Todos os dias, ofereça a seu companheiro um beijo, um abraço, uma massagem nas costas para lembrá-lo de sua devoção e renovar o sentido de “estar nisso juntos”. A boa notícia? Cinco minutos por dia é tudo de que você precisa para restaurar a afeição amigável em seu relacionamento, um pequeno esforço que resulta em uma enorme recompensa emocional. A maioria gostaria de ser mais afetuosa. A chave é ter disciplina para dedicar tempo para buscar nosso parceiro enquanto atravessamos nossos dias sobrecarregados. (p. 3)
 
Crédito extra
No próximo sábado de manhã, quando vocês podem ficar um pouco mais na cama, tome a iniciativa de se enroscar no corpo de seu parceiro e veja se isso leva a um bom aconchego ou – ainda melhor – a uma sessão de sexo prazeroso. Entre vocês dois, o mais inclinado às demonstrações afetuosas pode se sentir negligenciado caso os abraços e beijos sejam escassos. Da mesma forma, seu companheiro pode se sentir invadido quando você se senta no colo dele sem convite ou quer trocar beijos quando ele não está no clima. Nesse caso, uma invasão discreta pode dar resultado. Cinco minutos diários de afetividade física podem funcionar para esse tipo de casal – contudo, a forma de abordar e o momento são cruciais. Se você adora afeto físico e acha que está faltando contato, não espere que seu parceiro faça a oferta. Aproxime-se nos momentos em que os dois estiverem relaxados. Sem chamar a atenção (“Viu, não é tão ruim!”) ou impor culpa (“Por que não ficamos de mãos dadas pelo menos de vez em quando?”), segure com delicadeza a mão de seu companheiro por alguns minutos e depois solte. O fundamental é não fazer pressão, não colocar culpa. Pegue leve. (p. 7)
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Observação final (e prática): Desisti de comprar esse livro via site, embora haja tal possibilidade. É que achei exagerado o custo de envio. Simplesmente fui a uma livraria (no meu caso, a Saraiva) e facilmente comprei o livro (talvez por ter sido lançado recentemente). Enfim, recomento essa leitura!

29 de outubro de 2013

A mentalidade débil

 
Vou começar pela definição. "Débil: adj. Que não tem força, fraco, frágil, pusilânime; pouco forte, pouco perceptível; diminuto, pequeno, insignificante; debilitado (-a)". A mentalidade humana é débil, é lerda, é medrosa, é preconceituosa, é... assustadora.
 
O capítulo da novela "Amor à vida", exibido ontem pela TV Globo, deu continuação ao complicadíssimo caso que envolve o casal homossexual, Niko & Eron e a "mãe alugada", Amarilys. Tudo indica que o Heron vai ficar com a Amarilys, formando uma "família exemplar", confirmada pala presença do filho desses dois, o Fabrício. O Niko, ainda que tenha ficado arrasado, logo vai encontrar o outro parceiro (supõe-se), para voltar a ser feliz. Com tudo isso, fica comprometida a adoção do pequeno Jayme pelo casal gay. No mesmo capítulo, Félix se despede definitivamente do Anjinho, para ficar com a esposa Edith. E o que surge na mente da maioria de telespectadores? Uma sensação de alívio: "Finalmente tudo se encaixa e volta ao normal". Assim fica comprovado que, tanto o casamento, ou mesmo o relacionamento, entre as pessoas do mesmo sexo, quanto a adoção de crianças pelos casais homoafetivos, são situações erradas, anormais e nunca têm chance de darem certo. Por outro lado, estão super normais as intrigas de Aline, o preconceito de César, a mesquinhez de Leila e a confusão generalizada de - praticamente - todos os personagens. A hipocrisia, a mentira, o egoísmo, a traição, a ganância, a vingança e todas as outras coisas parecidas doem menos do que um relacionamento gay. A telenovela é interativa. A emissora faz questão de entrevistar as pessoas na rua e reproduzir depois aqueles gritos de "Bem feito!". Na minha opinião, existem duas explicações: ou os dirigentes da emissora são tão burros que não têm a noção do poder (anti-) educativo de suas obras, ou então são tão perversos que fazem tudo com a mais fina premeditação. Muitos ativistas LGBT, há pouco, proclamaram mais uma vitória, só pelo fato de que os personagens gays tenham sido inseridos na trama dessa ou daquela novela. Será, porém uma vitória de fato? Será que ainda precisamos permanecer naquela fase que requer a comprovação de nossa existência? Ou, pelo contrário, a nossa presença já foi admitida e agora chegou a hora de nos mostrar como seres humanos normais, com pleno uso da razão, com equilíbrio emocional e com boa vontade?
 
Hoje em dia temos mais uma fonte de conhecimento dessa débil mentalidade humana. São as redes sociais, principalmente, o facebook. É ali que pode ser encontrada uma enquete, proposta pela página "Félix, bicha má":
 
Beijo gay na televisão: Você é a favor ou contra? 
(a) A favor
(b) Contra
 
Como sempre, ambas as respostas, trazem os mais curiosos argumentos. Vou citar aqui alguns (de um total de 1.669) comentários:
 
(a) A favor: 
  • A favor, todos nós queremos direitos iguais. Então temos que aceitar as diferenças e o gosto das pessoas.
  • tbm sou a favor! Coisa muito pior a TV mostra. Um beijo gay não é o fim do mundo
  • Criança pode ver tudo, assassinatos, traição, tiros, sexo na novela. Agora beijo gay não pode ? Seus hipócritas
  •  Não entendo a galera que diz que é contra beijo gay por causa das crianças, mas grande parte dos pais deixam ver cenas de sexo, beijo e outras coisas com casal heterossexual. Agora se for gay é desrespeito, uma afronta... Já rolou vários beijos gays em programas internacionais e nem por isso o mundo virou gay da noite pro dia. Voto pelos direitos iguais. o/
  • Hahaha engraçado, tem gente aqui que deixa seus filhos assistirem a novela, onde cenas de sexo entre heteros é gritante (e é o que mais se mostra hj em dia)...e bjo entre gays não pode? Bjo não pode e sexo pode? Hahah vai entender
  •  Vivemos em um país onde algumas pessoas ainda são preconceituosas. A televisão passa coisas piores e ninguém questiona sobre isso. Sou totalmente A do beijo gay sim.
  •  Prefiro beijo gay na tv, do que meus vizinhos hetero brigando e espancando o filho...o que é melhor para uma criança demonstrações de amor, ou ódio????
  • Totalmente a favor temos q lutar contra o Preconceito \o/
  • A favor, meus pais estão esperando esse beijo. 
(b) Contra: 
  • Não sou hipócrita.... mais acho que tudo tem limite. acredito que dentro de um quarto, motel, hotel, é um problema de cada um... Pela moral e bons costumes, sou contra !!!!!
  • Sou homossexual e não concordo...
  • Quando vcs estudarem a BIBLIA vcs vão saber o que falo. Deus fez o homem para acasalar com a mulher não com outro homem.. Ou mulher com mulher
  • Sou contra... acho um horror, um desrespeito para com a população
  • Tem criança assistindo esse horário.. fica chato p os pais explicarem sou contra
  • Contra. Foge da verdadeira vontade de Deus, só existe homem e mulher, coluna do meio não existe. Grande falta de respeito
  • a globo quer impor na sociedade uma realidade fora dos padrões de uma verdadeira família! e por causa disso ninguém mais pode expressar suas ideias...
  • Sou totalmente contra, ñ por preconceito pois tenho um irmão gay, mais não gostaria de ver e nem que meus filhos vessem ele beijando outro cara, quanto as crianças verem cenas de filmes, novelas acho normal se for entre homem e mulher pelo menos qndo vc for explicar vc estará explicando a verdade bíblica, Deus não fez um homem pra viver ao lado de outro homem, se fosse pra ser assim Ele com sua imensa sabedoria teria feito+um homem ser companheiro de Adão e não Eva....e sem essa de direitos iguais, Isso é abominável aos olhos de Deus agora quem aceita, concorda, aplaude, é a favor, problemas deles lá com Deus, eu sou CONTRA!
  • Deus fez o homem e a mulher
  • não sou contra o homossexualismo em si mas a falta de respeito seja qual opção sexual que tenha ate mesmo um bj forte e forçando como a globo tem mostrado nas novelas tem horas que temos que mudar o canal por ter criança na sala assistindo acho que opção é de cada um mas não somos obrigados a compartilhar isso ate mesmo um casal de heteros são errados em ficar se expondo na frente de outras pessoas
  •  contra... Por questão de respeito a família que tem crianças..
  • Por favor gente. O bom senso acabou. Isso não é uma coisa natural. Sou totalmente contra.
  • Contra! Sinceramente não tem como querer achar o que não é normal natural nê???
  • B  -naum tem nada á ver com preconceito, mas sim com respeito...
  • B . contra lógico, não sou obrigada.
  • Contra, não sou preconceituosa, respeito os homossexuais, mas não é o normal, a família hetero é o valor que temos que passar aos nossos filhos, banalizar através da mídia este contexto cria uma geração de adolescentes que acham normal experimentar tudo, ser homossexual é uma escolha que deve ser madura e com total conhecimento de seus desejos, a pessoa tem que ter certeza desta opção!
  • Essa banalização pode trazer futuros transtornos psicológicos sem precedentes.
  • Se fosse algo natural a vida humana não dependeria da relação de um homem com uma mulher, dois homens seriam capazes do dom da vida.
  • N sou preconceituosa, só tenho minha própria opinião. Respeito os casais gays pq são seres humanos como nós. Mas n podem obrigar a sociedade engolir, aceitar essa poka vergonha! Se fosse p existir gay Deus n teria o trabalho de criar o macho e a fêmea. Totalmente contra!
  • Ninguém nasce mal por isso acho q ninguém nasce gay ser gay é uma escolha!!!!!
  • Não tenho preconceito, mas é falta de respeito com o telespectador «B »
  • Totalmente contra isso é um mau exemplo para as crianças
  • Com certeza sou contra sou mãe e ñ gostaria que meus filhos vise esse tipo de coisa ñ tenho preconceito com nada mais eles ñ tem mentalidade pra entender esse tipo de coisa