ESTE BLOG NÃO POSSUI CONTEÚDO PORNOGRÁFICO

Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



_____________________________________________________________________________



20 de outubro de 2013

잘 지내요 ?


A minha epopeia de sonhos/delírios que envolvem a misteriosa figura de um jovem coreano continua. Outras partes da história estão aqui e aqui. Na quinta-feira passada fui procurar dois dos três restaurantes coreanos, localizados pela internet. O restaurante no centro da cidade, perto da estação de metrô Cinelândia, oferece alguns tipos de comida oriental, mas quem trabalha lá, são as mulheres brasileiras. Acabei tomando uma sopinha por R$ 6,00 e fui embora. Segui até a praça Afonso Pena e percorri a rua Mariz e Barros inteira, à procura do restaurante “China” que, segundo à propaganda, serve a comida coreana. Ninguém nessa rua ouviu falar do restaurante “China”. Decidi voltar para casa e, pelo caminho, encontrei um restaurante japonês (afinal, o meu sonho pode não estar tão exato assim). Conferi o horário com um japonês de meia-idade e resolvi voltar lá mais tarde, no mesmo dia, imaginando encontrar muita gente. À noite, porém, o restaurante contou apenas com a presença de uma mulher e uma criança. Na sexta-feira fui conhecer mais uma restaurante, na Rua do Bispo (esquina com Haddock Lobo). Esqueci de dizer que adorei tudo que comi, principalmente o sashimi. Até consegui usar os pauzinhos de madeira. Neste restaurante vi um grupo de jovens asiáticos, três rapazes e duas meninas. Por pouco não parei para contar a eles a minha história de sonhos, mas imaginei como seria a conversa. O texto em seguida conta o que eu não fiz, por falta de coragem. Pode ser entendido, simplesmente, como a continuação da estória “À procura do meu coreano”. Só que apenas na minha imaginação...


Aproximei-me daquela mesa e pedi licença:
 
- Me desculpem pela invasão, mas queria contar para vocês uma coisa que me preocupa ultimamente e talvez vocês possam me ajudar. Eu sei que a coisa é bastante esquisita, por isso nem vou sentar e prometo ocupar, no máximo, uns dois minutos de sua atenção. Quando terminar, vocês poderão, simplesmente, dizer: “Você é um maluco”. Eu vou embora e a gente nunca mais vai se ver. Pode ser?
 
O rapaz de óculos, sentado à ponta da mesa, fez uma cara de desprezo, mas antes de abrir a boca, uma menina, com aparência de líder do grupo, aceitou a minha proposta e com um gesto pediu ao dono do restaurante uma cadeira para mim. Sentei-me ao lado do rapaz de cabelo ondulado que tinha a cara de mais jovem do grupo. Comecei a minha história.
 
- Primeiro, queria dizer que, com os meus quase 48 anos, nunca tinha me acontecido uma coisa semelhante e, também, que – embora eu acredite em coisas sobrenaturais – não sou um cara voltado à premonição ou adivinhação. Mas, como a coisa está insistindo, há mais de uma semana e trata-se de alguém que talvez tenha passado por momentos difíceis, prefiro me expor ao ridículo, do que cometer algum tipo de omissão. Tudo começou com um sonho que, mais tarde, continuou na minha cabeça, mesmo quando estou acordado, sempre tratando da mesma situação e só acrescentando novos detalhes. Trata-se de um rapaz com as feições de asiático. Não sei se isso veio a mim, ou se fui eu que inventei, mas algo me diz que ele é um coreano. Olha, eu sou europeu e para nós europeus – eu acho que também para a maioria dos brasileiros – é praticamente impossível distinguir, apenas pela aparência, se a pessoa com esses traços, é da Coreia, do Japão, da China, ou de algum outro país da Ásia. Fico, então, com a intuição de que tenha sido um coreano. Pode ser que ele tenha nascido lá e vindo ao Brasil com a família, ainda pequeno, ou nasceu aqui, sendo os seus pais que vieram de lá. Parece-me que ele tem alguns familiares na Coreia. De outras características dele que se repetem é que ele ou trabalha na cozinha, ou gosta de cozinhar, além de ter bastante talento com a informática. O essencial da história é que ele teria sofrido recentemente uma grande desilusão amorosa, em relação a uma pessoa mais velha, pela qual tinha se apaixonado perdidamente. O caso durou, mais ou menos um mês e tudo indicava que essa pessoa correspondia ao sentimento do rapaz. Como, porém, essa pessoa não é daqui, mas da Europa (muito provavelmente da Alemanha), depois de um mês, tinha que voltar para casa. Os dois combinaram que, quando for possível, o rapaz viajaria para passar um tempo na Alemanha, para dar a continuidade ao relacionamento. Agora, finalmente, surgiu a oportunidade e o jovem coreano apaixonado decidiu viajar, na primeira quinzena de novembro, para passar um mês na Alemanha. Ele comprou a passagem e continuou mantendo o contato com aquela pessoa via internet. Começou, entretanto, a sentir uma mudança de comportamento da pessoa, até o dia em que recebeu um e-mail que o deixou totalmente arrasado. A pessoa tinha escrito que tudo isso que os dois viviam, não passou de uma aventura de férias e que, na verdade, ela tem um companheiro, lá na Alemanha e que não quer mais saber do rapaz, nem de sua visita por lá. Como vocês podem imaginar, o mundo do rapaz caiu. Ele perdeu o interesse por todo do que gostava, fechou-se em si, ficou tão triste que os seus familiares e amigos estão com medo de que ele possa cometer alguma loucura... Aí, não sei bem como, mas essa situação veio a mim, como se eu pudesse ajudar esse rapaz de alguma maneira.
 
O rapaz de óculos continuou com aquela cara de indiferença, mas não me interrompeu. A menina (a líder) ouviu tudo com bastante atenção. Quando terminei, ela disse, simplesmente:
 
- Você, por acaso, não esqueceu de um detalhe importante? Ou omitiu de propósito?
 
- Sim, omiti, porque achei que teria atrapalhado a história, ou criado a impressão distorcida sobre as minhas intenções. O fato é que aquela pessoa da Alemanha, é um homem e o rapaz é um homossexual. Inclusive, pelo que me parece, a família dele sabe disso e aceita a condição dele.
 
O rapaz de óculos, nessa hora, ficou mais atento. A menina pediu que eu contasse tudo que tinha omitido e explicasse melhor, como é que essas informações chegam a mim.
 
- Então, como falei, tudo começou com um sonho mesmo que tive – eu acho – na semana passada. Normalmente, a gente sonha algo e logo esquece. Esse sonho ficou na minha cabeça e, mesmo acordado, tenho, desde então, um tipo de continuação da história, pelo menos em parte, independente da minha vontade. Vejo as cenas muito nítidas que se complementam. A maior parte dessas cenas ocorre na casa da minha mãe que mora na Europa. É uma viagem que a gente está fazendo junto. De outros detalhes posso dizer que ele é muito carinhoso, sempre muito sereno e sorridente, tem a enorme facilidade de se comunicar com as pessoas. Dorme no chão porque quer, mas, as vezes, acorda no meio da noite com medo de estar sozinho. Por isso, quando adormece, pede para segurar a sua mão, ou ao menos, deixar ele sentir a proximidade do corpo de outra pessoa.
 
A menina me interrompeu, perguntando:
 
- E o rosto dele, o cabelo... Você sabe o nome dele? A idade?
 
- Quanto à idade, vi a seguinte cena. A minha mãe disse que ele parecia muito novo (realmente, ele tem a cara de menino). Nisso, ele trouxe o passaporte dele e mostrou a data de nascimento: 21 de agosto de 1987, o que deixou a minha mãe fascinada. Como eles se comunicam meio que por intuição, pois falam idiomas diferentes, a minha mãe pediu que eu trouxesse a bolsa dela. Ela tirou da bolsa a identidade dela e mostrou a data de seu nascimento: 21 de agosto de 1937, quer dizer, exatamente 50 anos antes do nascimento dele... Eu nunca tive certeza do nome dele, mas hoje mesmo (sexta-feira) à tarde, fui tirar uma soneca e sonhei com ele. Bem, eu acho que era ele. Ele estava muito aflito, carente, a gente acabou se beijando, aí eu pedi que ele me dissesse o nome dele. Ele não disse, mas me mostrou – como se fosse na tela do computador – o nome composto de três palavras, das quais ele foi apagando a primeira, mais longa, que eu não tive tempo de decorar e que era um nome comprido, nunca visto por mim. O que sobrou – e que ele me mostrou – foi “Robert inn”. Ele ainda confirmou que são dois “enes” mesmo... Com isso acordei. Ah, esqueci dizer que, desta vez, ele tinha a cor de cabelo meio diferente: enquanto sempre aparecia com o cabelo preto, nesse sonho parecia que ele tinha pintado de leve o cabelo que ficou agora mais claro. Mas é o mesmo cabelo, liso e com aquele corte "yaoi", cobrindo na testa e caindo na nuca [mais ou menos, como na foto acima].
 
Quando falei do cabelo, o menino de óculos deixou cair o copo que tinha segurado na mão. Todos ficaram muito quietos, olhando um ao o outro.
 
Eu fiquei sem graça e disse:
 
- Terminei. Agora todos vocês podem me chamar de maluco...
 
A menina respondeu:
 
- Não vou te chamar de maluco. Quero te mostrar uma coisa.
 
Pegou o celular dela e, depois de manipular um pouco com ele, passou para mim. Estava aberto na caixa de entrada de mensagem de texto. O que li na tela do celular me deixou curioso:
 
“Onde você está?”
“Robert inn”
Algo me diz que você vai sofrer por causa desse cara”
 
Não sabia o que seria esse “Robert inn”. A menina adivinhou e disse:
 
- “Robert inn” é uma pousada no bairro Santa Teresa, onde ficou hospedado um estrangeiro. O meu primo ia lá todos os dias, durante quase um mês. Ele estava perdidamente apaixonado. O resto você mesmo já contou. Agora vamos conferir outras coisas.
 
Menina pegou o telefone da minha mão e digitou um número. Alguém atendeu do outro lado. A menina disse:

- Oi, sou eu. Tudo bem? Você me disse mais cedo que confiava em mim, certo? Então peço que agora você preste bem atenção e não me interrompa. Vou passar para o viva voz.
 
Logo ouvi uma meiga voz masculina:
 
- Tudo bem, confio mesmo em você. Você é a bruxa da minha vida. Das boas e poderosas.
 
A menina sorriu e perguntou:
 
- O que você tá fazendo?
 
A voz linda respondeu:
 
- Olha, pintei cabelo mais cedo e agora estou tentando cancelar a minha viagem à Alemanha, mas o site diz que cancelando vou perder praticamente 50% do dinheiro. Liguei para lá do fixo e tô com o telefone na mão, mas o atendente me deixou com uma musiquinha, enquanto ele procura resolver o meu problema. Você acredita que ele me deu a proposta de não cancelar a viagem, mas em forma de promoção, acrescentar um acompanhante pela metade do preço? É um absurdo o que eles fazem para roubar o dinheiro da gente.
 
A menina:
 
- Escuta agora com muita atenção. Quando o atendente voltar a falar contigo, diga a ele que você não só aceita a promoção, mas quer ampliar um pouco a rota. Agora anote o número do meu cartão. Vai pagar o que for necessário e depois a gente resolve isso. Se precisar do nome completo do seu acompanhante, passo para você pelo face do Lucas (depois descobri que era aquele rapaz de óculos, na ponta da mesa).
 
Mais tarde fiquei sabendo que esse é o grupo de amigos do rapaz, liderado pela prima dele. Todo mundo sabe que ele é gay e conhece a história com o alemão safado. Essa parte do sonho/delírio termina com a questão: é ele que vem para cá, ou a gente pega a comida e vai à casa dele? Parece que, finalmente, vou descobrir o nome dele..
---------------------------------------------
Dicionário:
 
잘 지내요? - Jar jine yo? - Tudo bom?

Nenhum comentário:

Postar um comentário