ESTE BLOG NÃO POSSUI CONTEÚDO PORNOGRÁFICO

Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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6 de outubro de 2013

O passinho e o silêncio

O rapaz desta foto se parece um pouco com o G.
 
Estava pensando em interromper aquela série (meio pesada) de polêmicas, publicadas aqui, envolvendo os assuntos do Papa, dos fundamentalistas católicos, da superficialidade da mídia (inclusive, católica) - e tudo isso, em relação ao mundo GLBTTS que não é uma massa sem rosto, não se compõe apenas de movimentos militantes, mas é o mistério do ser humano. Sim, o tema é importante, urgente, necessário. Pensei, porém, em dar uma pausa.
 
Já tinha visto no facebook o vídeo encantador de um grupo de dançarinos, fazendo o seu performance no cruzamento do centro do Rio e na plataforma da Central do Brasil. Hoje encontrei (finalmente!) o vídeo no YouTube, divulgado pelo portal Pheeno, junto com a "Versão Bafo", na qual um dos dançarinos, Rene, usa o vestido (que coxas! - diga-se de passagem). Então, a ideia da postagem deste domingo, foi essa: apertar o play, deliciar-se, por exemplo, com o corpito do Pablinho Fantástico (o rapaz de cabelo cor-de-fogo que fica geralmente como o primeiro do lado direito) e deixar-se levar pelo funk-estilo-soft... No entanto, há mais coisas. Não posso deixar de mencionar aqui uma visita que fiz hoje, na casa de uma família. Daqui a pouco falo sobre isso. Primeiro, os dois vídeos:
 
 
 
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O título desta postagem é "O passinho e o silêncio". O que tem uma coisa com a outra? Talvez... a paixonite. Confesso que me encanto facilmente por certas coisas. Assim, fiquei encantado com a turma do passinho - eu que não curto o funk, em geral (já morei nos lugares, onde o funk-da-pesada, dominava todas as noites de sábado para domingo). Cheguei a declarar, naquela época, que "o funk não é música", mas depois de assistir uma obra de arte como essa, mudo a opinião.
 
A coisa (da paixonite) torna-se mais complexa, quando entra, não apenas em um vídeo, mas em cena real, uma pessoa encantadora. Já tive várias paixonites, outras ainda tenho.. Algumas agudas. Algumas adormeceram, com o tempo, dentro de mim. O mal da paixonite consiste em não conseguir avaliar a realidade com precisão. A gente começa a "imaginar coisas". Tive e tenho essas paixonites em relação aos "gays declarados", mas também, àqueles que se encaixam na famosa e clássica pergunta: "será que ele é?". É o caso do G. Sou amigo dessa família, mas - evidentemente - tudo isso trabalha em função da minha aproximação ao G. Hoje fui almoçar na casa deles. Deve ter sido por causa das minhas pesquisas de últimos dias e das coisas que tenho escrito neste blog recentemente que comecei a comentar os assuntos ligados à homossexualidade, à teoria do gênero, às reações dos fundamentalistas católicos ao que disse o Papa, etc. Preciso acrescentar que aquela família é católica e engajada na vida pastoral da comunidade paroquial. Inclusive, o próprio G...
 
Primeiro, a conversa fluiu de maneira bastante solta, isto é, sobre a escola e os planos do G. para o futuro. "Pesquei", em uma das falas dele, que o casamento não faz parte desses planos. Aí entra, ou o "gaydar", ou a paixonite: "Não pensa em casar, por que?"... Acendeu uma lampadazinha dentro da minha cabeça e me deu vontade de... compartilhar os resultados das minhas pesquisas. Falei do Papa e de suas declarações de respeito para com os homossexuais, também sobre a cabeça dura dos fundamentalistas. Toquei no assunto do "casamento gay", lembrei das palavras de Jesus, sobre os três tipos daqueles que não se casam (cf. Mt 19, 12), com o destaque na primeira situação, "dos que nasceram assim" e tal. Fiquei o tempo todo sentado no sofá, ao lado do G, mas nesta (longa) parte da conversa, não ousei olhar para ele. Tive medo de revelar mais do que deveria ou, talvez, de deixar me lavar pelo impulso e, por exemplo, declarar a minha paixonite por ele (para quem não sabe: sou gay quarentão e permaneço no armário). Todo mundo tinha algo para perguntar e opinar. Mas, o G. ficou em silêncio absoluto, enquanto abordávamos esses assuntos. Eu sei que posso estar totalmente enganado, afinal, a paixonite traz esse efeito, mas o silêncio dele falou, para mim, mais do que mil palavras. Ele que gosta de perguntar, levantar questões, dar opinião - dessa vez ficou quieto. Ao meu ver, quieto demais. Repito: posso estar enganado e, até, seria interessante saber a opinião dos (eventuais) leitores. Digo uma coisa: esse silêncio me levou a pensar que "tem alguma coisa aí"... e fiquei mais esperançoso com isso. Quem sabe, na próxima vez e, certamente, sem os familiares em volta, a gente volte ao assunto?
 
Esse foi o meu domingo do passinho e do silêncio. A paixonite aumentou...

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